A ÉTICA E O PRINCÍPIO DA TOLERÂNCIA NO ÂMBITO DAS RELAÇÕES INTERSUBJETIVAS NO MEIO DIGITAL

Autores

  • Bruna Franceschini

Palavras-chave:

Ética, Tolerância, Digitalização da intersubjetividade

Resumo

A digitalização das relações com o outro afasta a convivência física e pessoal, ao mesmo tempo em que obriga a uma constante relação com as manifestações do diferente e com o intolerável. O desafio da contemporaneidade é conseguir reger o comportamento social na arena virtual, ao mesmo tempo, ser um terreno fértil para a inovação e para o desenvolvimento. Com este escopo, se coloca a questão: a ética apresenta-se antes da interação com o outro, na medida em que determina o que e como se expressar, no campo da individualidade, ou é apenas um mecanismo de fiscalização a posteriori, em que impera o paradoxo da tolerância, no qual uma entidade externa deverá ser responsável por definir o certo e o errado; o aceitável e o inaceitável; o tolerável e o intolerável? E, qual seria essa entidade externa? Qual a sua natureza diante da lógica econômica operante? Para além da simplificação reiterada com que o direito à liberdade de expressão convive, parece necessária uma complexificação do processo de análise da tolerância no âmbito digital, seja no prisma individual, seja no prisma coletivo-político. Os princípios correm o risco de se esvaziarem em si mesmos, por isso uma conjugação aprofundada entre a ética da tolerância (e a tolerância da ética) parecem ser um caminho para a convivência salutar, no que diz respeito às relações com o outro em ambientes digitais. Longe ainda da pauta do respeito e do reconhecimento, o ambiente digital ainda necessita ser pautado pela tutela da dignidade da pluralidade de pessoas singulares que habitam o mesmo e-espaço/tempo, tendo como horizonte a tão simples, porém sempre tão distante, efetividade dos direitos humanos.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO On40 - AFIRM. IDENT., DIG. HUM. E DIR. HUM.