A PRÁTICA EMPRESARIAL DE GREENWASHING E SEUS IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

Autores

  • Júlia Andrade Nunes Queiroz FDRP - USP

Palavras-chave:

Greenwashing., Meio Ambiente do Trabalho., Educação Ambiental.

Resumo

O presente artigo problematiza a prática empresarial de “greenwashing” como ofensa aos direitos humanos dos trabalhadores. Analisa a forma de exploração de recursos humanos e naturais praticadas pelo sistema capitalista globalizado e sugere que a adoção de discursos socioambientais falseados impacta negativamente no ambiente natural e nos direitos humanos dos trabalhadores. Nesse ínterim, procura-se apontar a relação entre capitalismo globalizado e a vertente pragmática da Educação Ambiental que possibilitou que esse sistema gerasse novo produto a ser vendido: o desenvolvimento sustentável. Assim, o presente artigo examina como essa relação propiciou a prática de greenwashing empresarial e seu impacto na classe trabalhadora. Portanto, será feita a análise do capitalismo em sua lógica globalizada e dos desafios que este impõe a si mesmo. Observa-se, também, como o discurso ambientalista ganhou espaço nas últimas décadas e como muito do interesse dos consumidores sobre o Desenvolvimento Sustentável deriva de uma Educação Ambiental pragmática pautada em atitudes individuais de baixo impacto. Para os fins desse trabalho, destaca-se a exposição da prática de greenwashing, por empresas que se associam a ideais de responsabilidade socioambiental. Dessa forma, tais empresas ensejam a fidelização de clientes, enquanto precarizam os direitos fundamentais dos trabalhadores, sobretudo, o direito ao meio ambiente laboral equilibrado. Assim, o objetivo geral do presente trabalho é examinar a prática empresarial de greenwashing e seus impactos ao meio ambiente do trabalho. Os objetivos específicos, por sua vez, são (a) apontar a contradição existente entre o capitalismo globalizado e a preservação dos recursos naturais; (b) expor os ensinamentos da Educação Ambiental e a influência de suas vertentes; c) conceituar o termo greenwashing e analisar a sua prática pelas empresas sobre o meio ambiente natural e do trabalho; d) defender as relações de trabalho como parte integrante do Meio Ambiente. A metodologia empregada para responder o problema levantado foi método de abordagem hipotético-dedutivo, partindo de aspectos que versam sobre as inconsistências do sistema capitalista e a atuação da Educação Ambiental, até a prática empresarial de greenwashing no meio ambiente do trabalho. O método de procedimento utilizado foi o histórico e o tipológico. Por fim, o material utilizado consiste em bibliografias de diferentes disciplinas, com fichamentos de livros, casos e artigos científicos que versam acerca desta temática. A relevância do trabalho vem de seu tema atual e pouco discutido o que permite que esses abusos socioambientais continuem. Isso pois, após compreender que o capitalismo globalizado aprofunda a desconexão entre as reais necessidades de populações locais e dos limites locais de recursos naturais, depreende-se que esse sistema não irá desacelerar em nome do Desenvolvimento Sustentável. Diante desse cenário de abusos sofridos pela prática de greenwashing, este artigo conclui ser preciso resgatar o trabalho como elemento primordial para alavancar a Educação Ambiental crítica e assim dirigir essa educação aos trabalhadores para que não padeçam devido a uma perspectiva apolítica de Educação Ambiental. A Educação Ambiental crítica e transformadora centrada no trabalho é capaz de se tornar mecanismo de combate ao desrespeito de direitos fundamentais do trabalho e de desigualdades socioambientais.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO P24 - RELAÇÕES DE TRABALHO E SUSTENTABILIDADE: DESAFIOS E PERSPECTIVAS