TRABALHO NAS SOCIEDADES INDUSTRIAIS

JUSTIÇA E DIREITOS HUMANOS

Autores

  • Marco Antônio Oliveira Lima Pontifícia Universidade Católica de Goias

Palavras-chave:

CAPITAL, TRABALHO, EMANCIPAÇÃO, DIREITOS HUMANOS

Resumo

Os humanos interagem socialmente, estudam e trabalham através das tecnologias presentes em notebooks, tablets e smartphones. Porém no capitalismo tudo está a serviço do capital. Marx corrobora com a reflexão quando diz: “O capital é a potência econômica da sociedade burguesa, que domina tudo” (1996b, p. 45). Através de Marx (1996a), Marx (1996b), Marx (2006) e Marx e Engels (2007) considera-se o capital enquanto sistema pertencente ao modo de produção capitalista, articulado na divisão de classes sociais e sustentado pela mais-valia. Conforme Marx e Engels (2007, p. 43): “Impelida pela necessidade de mercados sempre novos, a burguesia invade todo o globo terrestre. Necessita estabelecer-se em toda parte, explorar em toda parte, criar vínculos em toda parte”. A burguesia pretende o acúmulo de capital e para alcançar seus objetivos explora as capacidades intelectuais e físicas humanas e os recursos naturais do planeta. Para Marx e Engels (2007, p. 52): “Ser capitalista significa ocupar não somente uma posição pessoal, mas também uma posição social na produção. O capital é um produto coletivo e só pode ser posto em movimento pelos esforços combinados de muitos membros da sociedade, em última instância pelos esforços combinados de todos os membros da sociedade”. As mercadorias só tem condições de serem postas em circulação por meio do trabalho coletivo de diferentes pessoas. No capitalismo a vida das pessoas se resume ao trabalho nas indústrias, nos setores de serviços diversos, na entrega de alimentos ou transportes de pessoas via aplicativos digitais como o IFood e o UBER respectivamente. Nesses casos o trabalho desumaniza as pessoas pois se tornam ferramentas reificadas: “Subjectivamente, a actividade do homem [...] objectiva-se em relação a ele, torna-se numa mercadoria regida pela objectividade das leis sociais naturais estranhas aos homens [...]” (LUKÁCS, 1974, p. 101). Os humanos pertencentes a engrenagem tecnológica das sociedades industriais ao produzirem geram acúmulo de capital e riqueza para o burguês. Conforme Marcuse (1969, p. 44): “[...] o trabalhador organizado dos setores avançados da sociedade tecnológica vive essa negação menos conspicuamente e, como os demais objetos humanos da divisão social do trabalho, está sendo incorporado à comunidade tecnológica da população administrada”. O atual estágio do capital alcançou índices produtivos nunca antes vistos na história. Tal é a quantidade de mercadorias produzidas que se tornou possível desacelerar o ritmo do trabalho. Diz Marcuse (2010, p. 116): “O próprio progresso da civilização, sob o princípio de desempenho, atingiu um nível de produtividade em que as exigências sociais à energia instintiva a ser consumida em trabalho alienado poderiam ser consideravelmente reduzidas”. Enquanto o humano produz sua psique é dominada. Refletir acerca do trabalho nas sociedades industriais e em tempos de tecnologias digitais significa abrir possibilidades de críticas ao capital. Segundo Marx (2006, p. 117): “É exatamente na atuação sobre o mundo objetivo que o homem se manifesta como verdadeiro ser genérico”. Contemplar formas de produção que promovam emancipação é ter a esperança de que o trabalho será capaz de promover justiça social e os direitos humanos.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO On135 - NOVAS EXPR. DO TRAB. NA ERA TEC. E SEUS EFEITOS NA ESF. DA DIG.