DIÁLOGOS SOBRE GÊNERO E TRABALHO NO BRASIL

HISTÓRIA, LUTAS E TENSÕES

Autores

  • Helena Vicentini Julião IGC/ Centro de Direitos Humanos

Palavras-chave:

Gênero, Direitos Humanos, Feminismo, Direito do Trabalho

Resumo

Como fruta da Dissertação de Mestrado da Autora, “Diálogos sobre Gênero e Trabalho no Brasi: História, Lutas e Tensões” ao resgatar discussões que há muito são pautadas pelo movimento feminista, em suas mais variadas correntes e vertentes, o presente estudo, ao propor reflexões que tem como pressuposto a articulação das categorias gênero, raça e classe, tem como objetivo, sob a perspectiva dos Direitos Humanos e Gênero, aprofundar discussões que permeia a história das relações de trabalho no Brasil, considerando o trabalho não remunerado das mulheres. Em meio a desigualdade, a opressão e violência, escreve-se a história da sociedade brasileira, estruturada pelos pilares do capital, em um sistema que, além de capitalista, caracteriza-se como racista e cis-hetero-patriarcal, impondo padrões e estigmatizando sujeitos. Embora, seja evidente as transformações na classe trabalhadora, até os dias atuais, geralmente, as atividades baseadas em capital intensivo são preenchidas pelo trabalho masculino, realizado por homens brancos, ao passo que aquelas com níveis mais intensos de exploração são destinada às mulheres, imigrantes, negras/ negros, deixando nítido não só como como opera a divisão sexual do trabalho, mas também a divisão racial do trabalho. Esse cenário destaca a impossibilidade de se dissociar as categorias classe, raça e gênero, a fim de perceber, portanto, que não só existe uma divisão do trabalho que não é pela classe, podendo ser pela raça e/ou pelo gênero, mas, de igual maneira, existe uma divisão de classe, a qual não é pelo trabalho. Todavia, a divisão sexual do trabalho não deve – e não é – restrita ao sexo biológico, em sua concepção binária e dicotômica entre o feminino e o masculino, logo, deve se o gênero, em sua percepção mais ampla, como abarcado em tópicos anteriores, como uma matriz que opera e atua na sociedade com, pelo menos, três categorias distintas: o próprio sexo biológico, no entanto considerando também as pessoas intersexuais; a identidade e com a expressão de gênero; e, por fim, com a orientação sexual. Assim, pensar e repensar a classe trabalhadora, articulando o Direito ao Trabalho ao debate feminista decolonial, sob a perspectiva dos Direitos Humanos, é urgente. Em termos teóricos e metodológicos, em uma perspectiva interdisciplinar, será realizado um estudo exploratório, com uma abordagem exclusivamente qualitativa, por meio da pesquisa bibliográfica e documental. Ademais, será adotado o método materialista histórico dialético, o qual fornecerá os subsídios necessários para uma interpretação dinâmica e totalizante da realidade.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO On132 - DIREITO DO TRABALHO, FEMINISMO DECOLONIAL E ANTIRRACISMO