COMPLEXIDADES E VULNERABILIDADES

UMA ANÁLISE DA AUTONOMIA DA VONTADE DA PARTURIENTE

Autores

  • Moaci Licarião Neto Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Palavras-chave:

Complexidade, Parturiente, Violência obstétrica, Vontade, Vulnerebilidade

Resumo

A pesquisa trilha os caminhos da investigação bibliográfica no âmbito da doutrina e jurisprudência do Direito Brasileiro, na busca de evidências que demonstrem a vulnerabilidade da parturiente pela supressão de sua vontade. A investigação encontra fundamento na complexidade das relações sociais e de políticas de saúde pública no que diz respeito a realização do parto no Brasil. Parte-se da hipótese de que as instituições hospitalares incentivam a prática de parto eletivo por meio de intervenção cirúrgica conhecida como parto cesariano, mesmo quando esta não é a vontade da parturiente. Imperioso destacar que não se discute os benefícios ou malefícios oriundos do procedimento de parto, mas sim do complexo de direitos inerentes à autonomia da vontade da parturiente. Neste sentido, uma vez que a parturiente possui o direito de livre escolha do procedimento de parto que melhor lhe assistir – ressalvadas as necessidades de intervenção médica para salvamento da parturiente e/ou do feto –, cabe ao Estado garantir que esta escolha seja efetivada como forma de concretizar o Direito da mulher. Soma-se a isto os inúmeros casos em que ocorrem a chamada violência obstétrica em virtude do desrespeito à vontade da parturiente, bem como de sua condição de vulnerabilidade. Merece destaque que a condição da mulher em trabalho de parto natural/normal diminui de forma considerável a capacidade de autoafirmação de sua vontade, ambiente propício para a ocorrência de atos de violência. Acredita-se que a análise dos elementos que constituem o conjunto de direitos da parturiente à luz da Teoria da Complexidade pode contribuir para o estabelecimento de parâmetros mínimos que possam concretizar os direitos da mulher gestante. Desta forma, a pesquisa objetiva encontrar na jurisprudência e doutrina brasileira, elementos que evidenciem a (in)efetividade dos direitos da parturiente em situação de vulnerabilidade, acentuada pelo baixo grau de instrução e informação dos direitos da mulher gestante. A análise considera, a partir da teoria da complexidade, a relação de natureza prestacional em que o Estado deve garantir o pleno exercício do direito da mulher grávida quanto a livre escolha dos procedimentos relacionados ao momento do parto.

Biografia do Autor

Moaci Licarião Neto, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Doutorando em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); Mestre em Direito pelo UNISAL/ Lorena, linha de pesquisa 1: Direitos Sociais, Econômicos e Culturais (2018). Possui graduação em Direito Módulo Centro Universitário (2014). Formado em Teologia pelo Instituto Bíblico das Assembleias de Deus (IBAD), na modalidade de curso livre(2009). Graduado em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) (2016). Advogado (profissional liberal) nas áreas: direito administrativo, constitucional, consumidor e cível. Professor de Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito Constitucional, Antropologia e Sociologia Jurídica, Ciência Política e Teoria Geral do Estado, Direito Administrativo e Filosofia do Direito

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO On61 - EFETIVIDADE DOS DIREITOS HUMANOS PELOS DIÁLOGOS DE FONTES