O IMPACTO DO DISCURSO PROGRESSISTA NAS DEMOCRACIAS LIBERAIS E A CONSEQUENTE FORMAÇÃO DE HEGEMONIA CULTURAL
Palavras-chave:
DEMOCRACIA LIBERAL, HEGEMONIA CULTURAL, PROGRESSISMOResumo
Em 1992, Francis Fukuyama, cientista político norte-americano, lançava o livro O Fim da História e o Último Homem, anunciando a derradeira forma de governo construído pela espécie humana: a democracia liberal. Na época, dada a falência do modo de governo comunista, representado pelo colapso da União Soviética, oponente máximo das democracias liberais, o autor sentiu-se à vontade para emitir esta conclusão. Passados mais de 30 anos da afirmação sustentada por Fukuyama, o mundo passou por significativas transformações no campo da tecnologia, novos atores políticos foram surgindo, mais e mais direitos foram consagrados e elevados a categoria de fundamentais, movimentos sociais de todos os matizes ideológicos conquistaram espaço e puseram em xeque conceitos até então estabelecidos. Estado, estado de direito, liberdades, propriedade, direitos sociais, hoje, são conceitos em constante ressignificação, tudo diante de uma realidade em ebulição, a qual é pautada por uma velocidade até então desconhecida pelo homem. Nessa linha, o objeto da presente pesquisa cinge-se em estudar até que ponto estas transformações impactam o destino das democracias liberais, no que tange aos seus fundamentos morais e legais. Justifica-se o estudo pela necessidade de averiguar se as democracias liberais esgotaram seu modelo político, diante dos reclames da modernidade, bem como se o sistema da representatividade, forma de participação popular na formação da governança, estaria superado, ou se um novo modelo que assegure mais fielmente esta participação deverá suceder o modelo anterior. Como hipótese inicial, sugere-se que uma nova onda de hegemonia cultural está em formação, mascarada de progressismo, capaz de provocar tamanha liquidez moral e chacoalho legislativo ao ponto de enfraquecer, se não derrubar, o modelo democrático liberal dominante. Para atingir o escopo da pesquisa, traçaram-se os seguintes objetivos: identificar a natureza e os princípios que constituem as democracias liberais, para, a seguir, apontar quais Estados, efetivamente, podem ser considerados democracias liberais no panorama político atual; analisar o que está por atrás dos ataques que visam implantar um novo sistema hegemônico e desestabilizador das democracias liberais, confrontando suas estratégias e intenções com o necessário respeito ao princípio da participação popular, base sem a qual a democracia não passa de uma vaga promessa; e discutir até que ponto a instituição de um sistema de governança que leve em conta a supremacia da participação popular tem, necessariamente, natureza democrática. Para atingir os objetivos perseguidos, a metodologia utilizada será o método dedutivo e histórico analítico. Por fim, quanto aos possíveis resultados, estima-se que, no mínimo, o conflito de ideias (pilar da democracia liberal) já é alvo da hegemonia cultural pregada pelo progressismo, não sendo ousado especular que as gerações futuras poderão vivenciar um ataque total ou a derrubada das democracias liberais.