A VIOLÊNCIA ESCOLAR PELA PERSPECTIVA DOS JOVENS
Palavras-chave:
EDUCAÇÃO, JUVENTUDE, VIOLÊNCIA ESCOLAR, JUVENTUDES, NARRATI VASResumo
Qual é a perspectiva das juventudes sobre a violência escolar? Essa foi a questão norteadora de uma pesquisa de mestrado que teve como objetivo compreender a violência escolar pela perspectiva das juventudes. A justificativa para tal empenho decorre da percepção da própria pesquisadora – que, atuando há anos como diretora, reafirma a necessidade de avançar na compreensão do tema – e da observação de que a literatura pouco explora a perspectiva das juventudes, embora elas sejam quase sempre o grupo associado ao fenômeno. O referencial teórico utilizado está localizado na confluência de autores e autoras que tratam da violência social e escolar (ABRAMOVAY, 2007; MICHAUD, 2007), das juventudes (DAYRELL, 2003, 2007; GROPPO, 2015) e aqueles que, pela pós-modernidade (MAFFESOLI, 1987, 2007, 2010, 2018), produzem esteio para pensar a sociedade atual. Metodologicamente, foi realizada uma pesquisa de campo (adequada ao contexto pandêmico e, portanto, virtual) inspirada na pesquisa (auto)biográfica, que inicialmente lançou mão da aplicação de um questionário com 55 respondentes jovens (para o qual se utilizou um corte etário entre 14 e 17 anos) de um colégio público de Caldas Novas- GO (lócus da pesquisa), de maneira a acessar as percepções gerais sobre o tema. Posteriormente, foram realizadas entrevistas narrativas com 3 (três) jovens, escolhidos a partir do questionário, tendo como critério a disponibilidade e a diversidade de perfis. A análise do material produzido à luz do referencial e da experiência da pesquisadora permitiu concluir que a violência escolar é percebida pelos jovens como reflexo de uma sociedade que privilegia determinados modelos de corpo e comportamento. Nestes termos, ela atua fortemente por meio de estratégias de exposição-punição do outro-diferente, daqueles e daquelas fora dos padrões para reafirmação de padrões ordenatórios e classificatórios, o que incide cruelmente nas trajetórias escolares juvenis e em suas identidades. Entretanto, as narrativas dos jovens entrevistados também operam uma inflexão na compreensão do objeto quando explicita que a violência escolar também é compreendida como algo próprio da cultura juvenil no ambiente escolar, que se enraíza na cultura escolar com leituras da ordem do espetáculo, da diversão e do extravase mesmo para aqueles que sofrem suas investidas. Finalizamos, assim, uma leitura pouco explorada, que reverbera a pós-modernidade de Maffesoli como uma experiência estética. Com esses resultados, reafirmamos a premência de compreender com mais profundidade a questão da violência escolar considerando a perspectiva das juventudes.