O DIREITO DA MULHER À CIDADE

COMO O ESPAÇO PÚBLICO POTENCIALIZA A VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES

Autores

  • Denis Márcio Jesus Oliveira Faculdades Santo Agostinho, Vitória da Conquista, Professor

Palavras-chave:

VIOLÊNCIA, ESPAÇO PÚBLICO, SEGURANÇA

Resumo

A história das mulheres em nossa sociedade, desde a origem, é marcada por uma perspectiva de desigualdades e violência. Nesse cenário, a proposta desse projeto é aprofundar na temática de como e por quê o espaço urbano não é pensado para ser ocupado pela mulher, o que evidencia uma questão histórica que se perpetua até hoje. Diante disso, percebemos que por muito tempo o deslocamento das mulheres ao espaço público sempre ocorreu de maneira conflituosa, potencializando a vulnerabilidade frente as inúmeras violências que diariamente elas são expostas, que tem como consequência a naturalização da falta de acesso à cidade, bem como a culpabilização social da vítima. Frente ao exposto, é necessário que o Brasil adote políticas públicas que tenham eficácia, desde o impacto que os desenhos urbanos têm na ocupação feminina, até a utilização de quais meios de segurança são de fato postos em prática para o combate desses crimes, dados as violências a mulher que ocorrem com numerosa frequência nos centros urbanos. Assim, torna-se evidente que as mulheres sofrem mais agressões do que os homens nos espaços públicos e esse cenário se dar por conta da falta de estruturação nesse meio, onde se transparece o que por muitos anos aconteceu com a dominação masculina no centro urbano. Desde a antiga Roma vemos que as construções das cidades eram dispostas para o público masculino, onde as áreas exclusivamente femininas eram templos nas periferias da cidade. Dessa forma, como a história nos mostra e ainda se faz presente, as mulheres sentem falta de políticas públicas que pensem na sua segurança, visto que dados revelam a inserção ainda maior delas no processo de urbanização. Hoje a mulher acaba moldando seu comportamento a partir de imposições que anteriormente foram produzidas pelo homem, sendo de suma importância um planejamento urbano que reconheça esta segregação e pensem em medidas que norteiem as perspectivas femininas. Altos índices de feminicídio são uma das diversas questões que elas enfrentam diariamente e que trazem insegurança e vulnerabilidade, onde identificamos como exemplo, que uma mulher não busca um trajeto pela distância, mas, pela sensação de segurança que esse caminho a dar. Quando existe falta de iluminação, baixo movimento, pontos cegos na rua, é provável que a mulher mude seu percurso e isso mostra que o desenho urbano atual afeta diretamente a vida delas. Após uma análise dos elementos da construção histórica da mulher podemos constatar que a violência a que ela é exposta, além de ser uma violação de direitos humanos tem influência direta a formação das cidades. Apesar das conquistas alcançadas, ainda é preciso avançar de forma prática em projetos de segurança e mobilidade urbana nos setores da sociedade que sofrem uma fragilidade maior, como o das mulheres. O direito à cidade deve ser pensado numa perspectiva de gestão democrática e que seja acessível a todos e todas.

Publicado

09.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO P14 - PERSP. DE GÊNERO NO ENFRENT. ÀS VIOLÊNCIAS CONTRAS AS MULHERES