A MEDIAÇÃO MARITIMA COMO FORMA DE IMPLEMENTAR UMA MAIOR SUSTENTABILIDADE E PROTEÇÃO AOS DIREITOS HUMANOS

Autores

  • Roberta Donato Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

Palavras-chave:

Mediação, Mediação Marítima, Desequilíbrio de Poder, Pescadores, Trabalhadores Marítimos, Ods 16

Resumo

As disputas marítimas têm características muito amplas e distintas. São essencialmente internacionais, apesar de alguns conflitos poderem ter natureza iminentemente doméstica, especificamente quando envolvam pescadores e trabalhadores marítimos costeiros. Disputas marítimas podem ser resolvidas de diversas formas: por contenciosos, ou meios alternativos de resolução de conflitos. Nestes últimos, os mais comuns são arbitragem e mediação. Mediação tem sido cada vez mais comumente usada no setor, que é regulado por leis estatais e normas e instrumentos de soft law de instituições como UNCITRAL, ICC, SMA, LMAA e BIMCO. Estas instituições publicaram novas regras e clausulas de mediação, atualizando versões antigas – em algumas delas o nome mediação não era utilizado, e, dada sua crescente importância, passaram a expressamente mencionar a mediação como forma de solução de conflito, e sere denominadas regras e cláusulas de mediação. Em termos legislativos, podemos acompanhar o desenvolvimento de leis de mediação por meio de nova legislação implementada nos últimos anos no Reino Unido, União Europeia (e seus Estados Membros), Brasil e India. Também há a Convenção de Singapura, esta aplicável somente para disputas comerciais internacionais, o que excluiria sua aplicação a demandas entre partes iminentemente domésticas. Estudos mostram que a mediação é comumente usada no setor marítimo, apesar de não haver números formais que demonstrem o seu uso. Seus benefícios são diversos: é um procedimento informal, menos caro, mais rápido, e seus custos são divididos entre as partes. A mediação tende a restaurar a relação entre as partes, o que é especialmente importante em um setor onde há poucos players, ou em relações de longa duração, como as trabalhistas. O acordo de mediação é por vezes executável, sem necessidade de homologação do acordo antes de requerer execução judicial. Apesar de existir um maior cumprimento voluntário para acordos de mediação, dada a sua natureza. Este trabalho visa, por meio de pesquisa bibliográfica, questionar se a mediação não seria a forma mais sustentável para resolver conflitos onde há um desequilíbrio de poder, em especial entre pescadores e trabalhadores, que, teriam uma maior efetivação dos seus direitos – direito humanos – com uma maior divulgação do uso da mediação. Alguns destes personagens usam mediação “informal”. Estes têm acesso mais restrito a contencioso ou mesmo arbitragem, e, portanto, poderiam utilizar o mecanismo com maior fluidez se dele tivessem conhecimento, e se se incentivasse a criação de uma cultura para uso da mediação. O maior conhecimento e uma divulgação da mediação, seus benefícios e forma de realização auxiliariam a disseminação desta tao apreciada forma de resolução de conflitos? O objetivo desta pesquisa enquadra-se no ODS16 como objetivo principal, podendo também enquadrar-se em outros ODS, relativamente aos objetivos materiais da questão, como ODS 8 (trabalho digno e crescimento econômico) e ODS 14 (proteger a vida marinha).

Biografia do Autor

Roberta Donato, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

Roberta Mourão Donato is a Phd Candidate in Business Law at the Faculty of Law of University of Coimbra and Collaborative Researcher at the University of Coimbra Institute for Legal Research (Portugal). Currently a scholarship holder on the Medimare Project (Mediation in Maritime Affairs). Roberta holds an LL.M. in International Legal Studies from Georgetown Law (USA), a Master of Arts in International Affairs from Ohio University (USA), a Bachelor of Laws from Milton Campos (Brazil) and a Bachelor of Business with emphasis in Foreign Trade from Centro Universitário Una (Brazil). Her previous positions include working as  Professor of International Law, International Private Law, and International Business, coordinating the Law Course and the Legal Clinic at Centro Universitário Una, where she implemented a mediation program in conjunction with Tribunal de Justiça de Minas Gerais and has organized numerous academic and scientific events. Roberta received various awards of recognition from students in the performance of these positions. She has had experience as in-house and as an attorney, being legally admitted to practice law in Brazil, New York and Portugal. Roberta's work has been interdisciplinary, in the intersection between international law, international business law and international affairs. Her latest published works are "Solving Maritime Disputes as the preferred method" and "Legally Binding Instrument on Human Rights: Uma solução para tornar obrigatórias as normas de responsabilidade social".

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO On120 - DIREITOS HUMANOS EM TEMPOS DE ESCASSEZ