Violência contra a mulher

o perfil da vítima e o paradoxo da imagem

Autores

  • Silvia Pérola Teixeira Costa Universidad de Salamanca

Palavras-chave:

MULHER; PERFIL DA VÍTIMA; IMAGEM; VIOLÊNCIA.

Resumo

Este trabalho tem como objetivo investigar como a imagem que uma mulher projeta tem efeito na sua caracterização como vítima de violência de gênero a partir de casos específicos, como o de Mariana Ferrer, no Brasil, que gerou a Lei 14.245/2021, para resguardar a dignidade da vítima de violência sexual, no âmbito judicial, e da jornalista peruana Lorena Álvarez, que, ao denunciar a violência doméstica, foi desacreditada em razão da sua “boa aparência”. A investigação é relevante porque a violência contra a mulher tem recrudescido a partir da naturalização e perpetuação de uma imagem inferiorizada em relação ao homem, sustentada na cultura machista e patriarcal (Wolf, 1992). São inúmeros e sequentes os casos de todo tipo de violência contra a mulher, com destaque para o aumento de feminicídios, em todas as partes do mundo, apesar de vasta gama de normativos internos e externos absolutamente protetivos, colhendo-se o exemplo do Brasil que, apesar, de ter a 3ª lei mais avançada do mundo, em termos de proteção à mulher, ocupa, nesse trágico ranking, o 5º lugar do mundo entre países com o maior número de feminicídios. Pretende-se contribuir com o desenvolvimento dessa agenda de pesquisa por meio de três objetivos específicos: (i) Perquirir como a consideração da mulher como vítima de violência sexual é influenciada pela imagem que projeta;  (ii) Investigar como as ideias estereotipadas de feminilidade e masculinidade influenciam na consideração, como vítima, em crimes de natureza sexual; (iii) Atestar como o machismo institucional, no Brasil, contribuiu para a banalização da violência contra a mulher a partir dos mencionados estereótipos de masculinidade e feminilidade, bem assim do paradoxo da imagem. Para tanto, alinhamos aspectos epistemológicos, empíricos-sociais e linguísticos, nos quais, a análise da cultura do patriarcado, esse sistema cultural, político e econômico, que valora desigualmente os sexos, demonstra a violência por que passa uma mulher, por uma percepção sexualizada e objetificada, impondo-se o desafio de caracterizá-la como vítima e, portanto, merecedora da devida proteção legal. Utilizam-se, como marcos teóricos, além de outros o profundo estudo das “Imagens da Mulher no Ocidente Moderno” (3 volumes), de Isabele Anchieta, as obras de Mary Del Priore, que captam a história da mulher no Brasil e no mundo e a tese de doutorado da Professora Madalena Soares.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO P14 - PERSP. DE GÊNERO NO ENFRENT. ÀS VIOLÊNCIAS CONTRAS AS MULHERES