DOG WHISTLE POLITICS E O NEONAZISMO À BRASILEIRA NA GESTÃO BOLSONARO

Autores

  • Rafael da Silva Marques Ferreira Instituto Federal do Espírito Santo

Palavras-chave:

DISCURSO DE ÓDIO, NEONAZISMO, BOLSONARO, DOG WHISTLE POLITICS

Resumo

Desde a vitória de Jair Messias Bolsonaro nas eleições de 2018 para a presidência da República que o Brasil vem acompanhando um aumento progressivo na formação de grupos ligados à extrema direita alinhados a ideais supremacistas. Segundo a antropóloga Adriana Dias, houve, nos anos em que Bolsonaro esteve ocupando o cargo de maior importância do Poder Executivo do País, um crescimento de 270% no número de organizações neonazistas no País. A partir desse fato, busca-se analisar alguns enunciados proferidos tanto pelo próprio presidente quanto por seus apoiadores, e por personalidades midiáticas de grande alcance cujos discursos apontam para construções ideológicas de intolerância, desumanização e aniquilação de minorias étnico-raciais, sexuais e de gênero. Objetiva-se compreender como a simbologia dúbia que tais discursos promovem pode mobilizar afetos, criar e consolidar laços e identidades coletivas. Para tal, será proposto um diálogo com o pensamento dos filósofos Judith Butler (2021a, 2021b) e Mikhail Bakhtin (1981, 2012), e do linguista Dominique Maingueneau (2014). A partir das noções e categorias que propõem, o signo ideológico e sua não fixação semântica; o discurso de ódio e a consequente formação de grupos supremacistas a partir dele; e a responsabilidade do sujeito que enuncia/cita/atualiza os discursos odiosos são mobilizados nesta tentativa de lançar luz sobre a atual situação social brasileira que influencia, forte e diretamente, o jogo político. Sendo por ele também influenciada. A comunicação ora proposta está enquadrada nos estudos relativos à ciência da linguagem. Apesar de não se valer de teorias específicas do campo do Direito, acredito que este trabalho em muito poderá contribuir para as discussões e reflexões que serão propostas no Simpósio, tendo em vista que pensar o humano (e, portanto, pensar Direitos Humanos) passa, obrigatoriamente, por refletir sobre os enunciados que este produz e pelos quais é atravessado. Além disso, alinhando-se ao escopo do Simpósio, o trabalho visa a analisar falas que se disseminaram desinformação e representaram ataques diretos à democracia do Brasil.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO On47 - DESINFORMAÇÃO, DIREITOS HUMANOS E ATAQUES À DEM. NA AM. LATINA