A IMPORTÂNCIA DO PENSAMENTO CONTRA COLONIAL PARA COMBATER O RACISMO NA INFÂNCIA

Autores

  • Hans Remberto Quelca Yanique PUC-SP

Palavras-chave:

RACISMO, INFÂNCIA, COLONIALISMO

Resumo

A grande expansão econômica mercantilista dos países Europeus, dos séculos XV a XVIII, que marcou a transição do Feudalismo para o Capitalismo deixou marcas que até hoje não podem ser apagadas. Investindo no projeto de Colonização dos povos da atual América, nomearam de “Índios” os nativos das terras nas quais aportaram, pois acreditavam que estavam chegando às índias, região cobiçada em decorrência das “especiarias” que ganhavam ênfase no comércio operado pela ascendente burguesia. Muitos dos que vieram, foram enviados em missão lançando-se ao desconhecido, outros se desfizeram de suas propriedades a fim de explorar terras da América, houve também os que vieram sob punição das cortes. Os personagens envoltos nessa trama até hoje são vistos como “descobridores” e condutores do progresso, ainda que tenham avançado o debate de “Invasão da América”. Movidos pela lógica Ocidentocêntrica e Eurocêntrica, dizimaram populações inteiras, assim como operaram um verdadeiro etnocídio, desprezando as culturas e organizações sociais, políticas, tecnológicas e culturais dos povos originários. Assim, houve uma mudança no curso da história e das possibilidades de desenvolvimento desses grupos. Este corte na história do desenvolvimento das comunidades originárias da América, resultando em massacres, mortes e torturas a quem resistia a esta imposição. Esse sistema imposto também foi padronizando ao longo da história, atingindo inclusive o modo de enxergar, criar e educar crianças nas sociedades deste continente, que não contempla as realidades originárias indígenas e africanas. Isso porque se deram norteadas pelo autoritarismo, exploração da terra, com a valorização material e econômica, com marcas egocêntricas e adultocêntricas, e não pela valorização desses grupos no sentido e potência social que carregam. Portanto, tivemos a imposição de um modo dito “civilizado” de socialização e educação, em substituição aos modelos entendidos como “arcaicos”, sendo que já se praticavam experiências de educação comunitária, muito mais efetivas, e norteadas pela valorização e convívio com a natureza e ancestralidade. Oportuno salientar que ainda que haja iniciativas de reparações históricas presentes em alguns países que passaram por Colonização, mostram-se superficiais e minimalistas em comparação aos massacres, saques, apagamentos e mortes que ocorreram no período colonial, ainda fazem metamorfoses se reatualizando.  Ainda que formalmente e legalmente se tenha avançado na esfera dos direitos de crianças e adolescentes, comumente esse segmento é violentado no cotidiano, ferindo sua condição de ser social. Desconstruir este padrão de pensamento colonial enraizado auxiliará no combate do racismo na infância sendo movimento valioso e urgente. Retornando aos rasgos de humanidade, que foram praticados ao longo dos séculos, nortearemos o enfrentamento dos desafios postos a fim de construir novas possibilidades à infância. Frente ao exposto, ofertamos proposta de construir uma reflexão norteada pela educação popular, pautada numa construção contra colonial de pensar a infância, suas formas de educação e socialização, de modo que apontemos saídas de interação comunal e de respeito as diferencias humanas e a uma nova forma de se relacionar com a própria terra e a natureza.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO P22 - INFÂNCIAS, DIREITOS HUMANOS E RACISMO: INTERFACE COM O SISTEMA JU