TECENDO TEMPOS E ESPAÇOS DE ESCUTA, DIÁLOGO E PARTICIPAÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR

Autores

  • Deise Maciel de Queiroz FCL/Unesp/GEPEM

Palavras-chave:

CONVIVÊNCIA ÉTICA; CONFLITOS ESCOLARES; FORMAÇÃO CONTINUADA.

Resumo

O estudo parte do pressuposto de que conflitos são inerentes às relações e expressam as diversidades humanas. Muitas vezes compreendidos de maneira negativa nas escolas, os conflitos são enfrentados por meio de práticas pautadas em ações repressivas e punitivas e que não possibilitam práticas preventivas e interventivas dialógicas e democráticas nas escolas com foco na escuta e participação das crianças e dos adolescentes. Diante do exposto, o problema que direciona a presente investigação é: “Quais as concepções de educadores sobre conflitos escolares e sobre os fundamentos e práticas dialógicas antes e após um curso de formação continuada?” O objetivo geral foi investigar as possíveis mudanças de concepções sobre conflitos e práticas interventivas dialógicas e democráticas na escola após a participação em um curso de formação continuada destinado a docentes e gestores escolares. Os objetivos específicos do estudo são: 1. Analisar as concepções iniciais e finais de gestores e professores sobre conflitos escolares. 2. Analisar as concepções iniciais e finais de gestores e professores sobre práticas preventivas e interventivas dialógicas e democráticas na escola. Para tanto, adotou-se uma abordagem qualitativa do problema com objetivos exploratórios e cuja técnica utilizada foi o estudo de caso e a análise documental. O lócus da investigação foi o curso de extensão universitária com foco em ações de prevenção e intervenção aos conflitos escolares em diálogo com uma convivência ética, respeitosa e democrática ofertado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP). Participaram do curso quarenta e três profissionais oriundos de dez instituições escolares de dois municípios do interior paulista. Os documentos analisados foram dois portfólios preenchidos pelos participantes no primeiro e no último encontro do curso, por meio dos quais levantamos suas concepções iniciais e finais. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo. Os resultados demonstram mudanças entre as concepções iniciais e finais dos participantes quanto aos processos de reflexão sobre a prática. Outra mudança na concepção dos participantes foi a ampliação do olhar sobre as possibilidades de tempos e espaços de escuta, diálogo e participação no contexto escolar. Em relação aos conflitos escolares, as principais mudanças de concepções se deram em relação às formas de enfrentamento e à valoração dos conflitos, superando ideias que relacionam conflitos à indisciplina e à violência e apontando para a importância da reflexão, da escuta, da busca por soluções coletivas e a educação para a convivência. Foi possível verificar a necessidade da continuidade de processos formativos que apoiem os professores e os gestores no processo de articulação entre os aspectos teóricos e práticos, primando por ações contínuas, planejadas, sistematizadas e intencionais quanto aos aspectos da convivência ética, respeitosa e democrática na escola.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO On100 - CRIANÇAS E ADOL., AT. NA CONST. DE UMA POL. PUB. DE CONV. ESC.