A INTERSECCIONALIDADE DA VIOLÊNCIA DE GÊNERO E RACISMO NA VULNERABILIDADE DAS MULHERES NA SOCIEDADE BRASILEIRA

Autores

  • João Marcelo Sousa Maia Fasavic - Faculdade Santo Agostinho de Vitória da Conquista
  • Vinicius Sampaio Aguiar Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB

Palavras-chave:

FEMINICÍDIO;, MULHERES NEGRAS, NECROPOLÍTICA, RACISMO, TEORIA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL

Resumo

A interseccionalidade da violência de gênero e o racismo é evidente na construção social do Brasil, uma vez que a vulnerabilidade de mulheres se entrelaça ao racismo, dando contornos ainda mais excludentes para mulheres negras. Tal conjuntura de dupla marginalização das mulheres negras foi construída a partir da herança colonial do racismo e da sociedade patriarcal e que ainda se reverbera por necropolíticas nos dias atuais. Nesta pesquisa verificaremos o poder do racismo e do machismo, como signos ideológicos, funcionando como potentes instrumentos discriminatórios nas impositivas representações sociais, reverberadas pelos aparelhos ideológicos vigentes em nossa sociedade, e consequentemente, nas ações da necropolítica. Dessarte, focamos nas vidas perdidas de mulheres pretas, vítimas do racismo, feminicídio e misoginia, resultantes dos efeitos de ideologias sem alteridade. Este trabalho serve como mais uma incansável denúncia contra as amarras da necropolítica, que seguem ditando quem pode viver e quem deve morrer. O direito de vida tem sido negado de forma latente para as mulheres pretas, primordialmente e preponderantemente pelos aparelhos ideológicos, sobretudo, pelo poder das palavras, que constrói as representações sociais, de acordo os corrosivos interesses de quem as enuncia. Pretende-se, também, analisar o (des)serviço do estado brasileiro frente aos episódios investigados, tendo em vista que, por meio dos aparelhos ideológicos, o estado limita, invade, aprisiona e cerceia os corpos e as almas de mulheres pretas, que são assujeitadas em posições de extrema vulnerabilidade, e sequencialmente, tem suas vidas cruelmente retiradas pela violência social e/ou conjugal, e como suporte recebem a imorredoura silencia do estado. Para tanto, a presente pesquisa utiliza-se de um embasamento teórico em autores que retratam sobre a necropolítica e a vulnerabilidade de gênero nas relações sociais, como FOUCAULT; MBEMBE MOSCOVICI; FEDERICI, entre outros. As ações necropolíticas do Estado reverberam de forma latente na sociedade, de modo que, sob a visão da Teoria da Representação Social, através deste artigo restou comprovado que o poder de matar que o Estado possui entrelaça com a ideologia patriarcal e estrutural, alimentando e propiciando mazelas sociais como o feminicídio, causando extremo dano à sociedade.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO On60 - RACISMO ESTRUTURAL E NECROPOLÍTICA