“AO ACASO”
O CONCEITO DE DEMOCRACIA NA CRÔNICA DE MACHADO DE ASSIS (1864-1865)
Palavras-chave:
Machado de Assis, crônica, democraciaResumo
RESUMO: O escritor Joaquim Maria Machado de Assis é estudado na academia por sua ficção. No entanto, as crônicas machadianas constituem um elemento fundamental para entender a interação multifacetada entre o escritor e o mundo público em que vivia. Através do estudo das crônicas é possível compreender as ideias, acompanhar as leituras que fazia, e reconstruir toda a filosofia inserida na figura do escritor. Machado de Assis se expressava nos jornais mais livremente os seus verdadeiros pensamentos acerca do seu tempo, inclusive, a respeito das questões de natureza política e social. Os textos também são uma oportunidade de conhecer o período histórico pelas lentes de um escritor com a perspicácia de Machado de Assis. O escritor iniciou o trabalho de cronista no Diário do Rio de Janeiro aos 22 anos e lá desenvolveu recursos e técnicas do fazer literário que estariam presentes na sua produção na obra ficcional. A crônica machadiana não serviu apenas como uma espécie de “laboratório de ficção”, mas também apresenta um valor histórico e literário em si. O presente artigo tem como objetivo analisar como o escritor utilizou o termo democracia na série de crônicas Ao acaso, publicada no jornal Diário do Rio de Janeiro entre os anos de 1864 e 1865. O trabalho também se propõe a estudar a evolução do conceito de democracia no Brasil entre 1770 e 1870, a partir do marco teórico da História de Conceitos de Reinhart Koselleck. A pesquisa utilizará como método a análise de jornais, bem como a revisão da bibliografia relacionada aos estudos da obra de Machado de Assis e do período histórico, possibilitando o estudo imbricado do Direito e da Literatura. A pesquisa pretende demonstrar a hipótese de que Machado de Assis utilizava a expressão democracia de forma polissêmica, que nem sempre coincidia com o pensamento político da época em que as crônicas foram publicadas.