OS GÊMEOS DIGITAIS E O FUTURO DAS CIDADES
Palavras-chave:
GÊMEOS DIGITAIS, CIDADES, INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL, INTERNET DAS COISAS, TECNOLOGIA 5G, DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAISResumo
Estudo publicado pelo Institute of Electrical and Electronic Engineers, em 2022, a respeito das tendências tecnológicas futuras, apontou que a computação em nuvem, a tecnologia 5G, o metaverso, os veículos elétricos e a internet industrial das coisas serão as tecnologias mais importantes em 2023, sendo os setores de telecomunicações, automotivo e de transporte, de energia e de serviços bancários e financeiros os mais impactados. Novos contornos da simbiose entre os mundos físico e virtual foram dados com o metaverso, em que pessoas reais, representadas por avatares, puderam passar a habitar o meio digital de maneira imersiva e interativa; entretanto, são os gêmeos digitais que possibilitam a integração de dados e o efetivo aprendizado de máquina, ambos em tempo real. Em linhas gerais, os gêmeos digitais podem ser interpretados como uma espécie de representação virtual de coisas tangíveis. Nesse cenário, o propósito da pesquisa é investigar o futuro das cidades com base em aplicações envolvendo gêmeos digitais com foco de abordagem nos direitos humanos e fundamentais. O método de abordagem utilizado é o hipotético-dedutivo, e a pesquisa é dividida em três eixos: desafios dos gêmeos digitais e suas relações com a tecnologia 5G, a inteligência artificial e a internet das coisas; cidades gêmeas digitais; práticas globais e brasileiras envolvendo gêmeos digitais. A definição de gêmeos digitais ainda se situa de forma imprecisa na literatura, porquanto tem forte dependência com seu campo aplicacional. De qualquer sorte, relatório publicado pelo Fórum Econômico Mundial, em 2022, refere que cidades gêmeas digitais possibilitam o mapeamento de cidades físicas em espaços digitais com o objetivo de (a) solucionar a complexidade do planejamento urbano, por meio de simulação, monitoramento, diagnóstico, previsão e controle, e de (b) estabelecer operações simultâneas interativas entre as dimensões virtual e física, prevendo-se crescimento de seis vezes, até 2026, do mercado de gêmeos digitais e uma economia de US$ 280 bilhões até 2030 em termos de planejamento urbano, operações e construções. Visualização possível de aplicação de gêmeos digitais no Brasil, admitida indiretamente na legislação infraconstitucional, diz respeito à adoção, em licitações de obras e serviços de engenharia e arquitetura, da Modelagem da Informação da Construção (Building Information Modelling – BIM) ou tecnologias e processos integrados similares ou mais avançados que venham a substituí-la (art. 19, § 3°, da Lei n. 14.133/2021). O uso associado dos gêmeos digitais à modelagem, por meio da integração e conectividade de dados reais coletados por sensores de internet das coisas, auxilia no processo de tomada de decisão, na redução da energia e dos custos e na otimização de procedimentos. Em termos de práticas globais de cidades gêmeas digitais, ressalta-se a China, que vem numa tendência de rápido crescimento ano a ano, com o número de projetos aumentando de 02 em 2018 para 72 em 2021, consoante estudo do Fórum Econômico Mundial, em 2022, destacando-se especialmente o caso de Xangai, que é a maior cidade do país, em que a adoção do gêmeo digital busca a melhoria da gestão e dos serviços públicos urbanos, além de governança mais eficiente.