DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO CURSO DE PEDAGOGIA

ESCOLAS PÚBLICAS COMO ESPAÇO DE EQUIDADE

Autores

  • Sheila Denize Guimarães UFMS

Palavras-chave:

FORMAÇÃO DE PROFESSORES, ESTÁGIO, EQUIDADE

Resumo

O estágio nas licenciaturas brasileiras tem sido reconhecido ao longo da história da formação docente como essencial no processo de formação de professores, principalmente, no que diz respeito a assegurar um contato maior e mais efetivo com a realidade escolar, bem como de aproximar as instituições superiores das escolas públicas. Sabemos que o estágio, legalmente, é uma atividade obrigatória nos cursos de formação inicial de professores e reconhecemos que essa atividade cumpre, muitas vezes, um ritual que, nem sempre, permite a compreensão e a reflexão dos processos próprios das escolas. Permissão, que reclama além da realização da observação desses processos, a proposição de intervenções, quase sempre baseadas na repetição de modelos e práticas, que pouco acrescentam à formação desse profissional.  Apesar disso, defendemos a construção de conhecimentos fundados no reconhecimento da equidade como motor da redução da desigualdade na escola pública brasileira, cujo reconhecimento agrega a formação de uma identidade profissional capaz de apreender na/da imersão no ambiente escolar possibilidades de reconhecimento das diferenças e diversidades nas relações estabelecidas. Relações essa, de um lado, geradoras de uma rotina escolar que negocia papéis e; de outro, que solicita uma compreensão/aproximação da vida, do clima e, das culturas da escola e escolar. Entre a geração e a solicitação a imersão evidencia o perfil dos estudantes das licenciaturas, que em sua maioria não possui experiência profissional de docência, ao mesmo tempo que, nos impele à defesa da escola pública como espaço de formação, com ritmos, ritos e rotinas que não se materializam em vídeos e textos relativos ao ambiente escolar. Partindo de tais pressupostos, aqui indiciamos análises acerca das percepções dos estudantes do Curso de Pedagogia, da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul, acerca do estágio como atividade obrigatória. Para tanto, recorreremos a uma amostra dos registros elaborados e apresentados como trabalhos finais, os chamados relatórios de estágio. Os resultados apontam que as relações estabelecidas no espaço escolar são tão importantes quanto o próprio ritual do estágio, isto é, observação – preparação dos planos de aula – regência. Destacamos que não defendemos o estágio como espaço reservado à prática nos cursos de formação de professores, mas, reconhecemos que alguns elementos rotineiros da escola pública só podem ser materializados neste espaço. Para tanto, cabe aos professores formadores conceder à formação no espaço acadêmico, público e laico, o direito às aprendizagens que somente acontecem nesta realidade, a partir da tomada de consciência do papel transformador da ação educativa sobre questões de justiça social, gênero, inclusão, diversidade e racismo, entre outras.

Biografia do Autor

Sheila Denize Guimarães , UFMS

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2009). Professora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Vinculada ao grupo de pesquisa MANCALA (Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Matemática, Cultura e Formação Docente). Estuda questões ligadas à formação e prática docente dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO P21 - EQUIDADE, CIDADANIA, JUSTIÇA SOCIAL