MEMÓRIA DE ESTUDANTES
MILITÂNCIA E OS LUGARES DE MEMÓRIA NA RESISTÊNCIA À DITADURA EM CURITIBA
Palavras-chave:
LUGARES DE MEMÓRIA, TESTEMUNHOS, DITADURA CIVIL MILITAR, CURITIBA, DIREITOS HUMANOSResumo
A luz da rememoração dos 60 anos do Golpe Civil-militar no Brasil, as memórias de ex-presos políticos têm sido requisitadas a partir de uma mudança do olhar ou na tentativa de encontrar novas perspectivas no saber histórico. Ouvir atentamente os testemunhos evidenciam as possibilidades que a pluralidade de experiências, os sentimentos e as relações produzidas ao longo de um tempo marcado pela tensão, desconfiança e insegurança contribuem para a análise histórica. Visando essa nova perspectiva, esta comunicação se organiza por meio da metodologia da História Oral e da análise de testemunhos gravados em vídeo, tendo como autores de suporte Michael Pollak (1989, 1992), Alessandro Portelli (1996) e Alistair Thomson (2020). Para tanto, aqui se propõe analisar as narrativas de 2 (duas) militantes políticas, à época da Ditadura civil-militar brasileira (1964-1985), que viveram a militância estudantil, bem como a circularidade e a movimentação da resistência na cidade de Curitiba-Paraná. Desse modo, essa proposta busca evidenciar os lugares de memória (Nora, 1993) da capital paranaense com os quais essas militantes se relacionaram, num esforço de trabalho e dever de memória (Ricoeur, 2000 & Jelin, 2002) no exercício da democracia e de defesa dos direitos humanos. Nessa perspectiva não se propõe pensar somente os lugares resistência, violência e de aprisionamento por onde passaram e construíram sua história política, mas também os lugares de sociabilidade, de lazer, de manifestação, de ação política, que são revisitados em testemunhos realizados mais de 50 anos após essas vivências. Através dessas narrativas busca-se estabelecer um diálogo entre a História e a Memória, sem ignorar os silenciamentos e apagamentos promovido pela passagem do tempo, de forma a considerar a importância de analisar sujeitos plurais, com narrativas diversas e atravessados por uma máquina de controle repressiva, em que contestar e lutar por seus direitos não foi visto com bons olhos. A comunicação proposta é um desdobramento da tese de doutorado em História no Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Paraná (PPGHIS), que está em desenvolvimento, e integra o Grupo de Pesquisa Interinstitucional “Direitos Humanos e Políticas de Memória” (DIHPOM) da mesma universidade. Inserida na linha de pesquisa Intersubjetividade e Pluralidade: reflexão e sentimento na História, a perspectiva de pensar lugares de memória, sentimentos e a defesa dos direitos humanos na atualidade, através da temática da Ditadura e da militância, tem contribuído para a articulação da História do Tempo Presente, assim como repensar as trajetórias e a forma com que militantes produziram uma relação com a cidade, que não foi somente cenário, mas um ator político da prática da militância, elucidando esse período que tem sido alvo de constantes disputas de memórias.