COOPERATIVISMO DE PLATAFORMAS E A BUSCA POR DIGNIDADE NO TRABALHO PLATAFORMIZADO
Palavras-chave:
CAPITALISMO, ECONOMIA POR PLATAFORMAS DIGITAIS, TRABALHADORES POR APLICATIVO, TRABALHO DIGNOResumo
Os novos paradigmas do modo de produção capitalista estabelecidos pela expansão das plataformas digitais definiram um novo cenário no mundo do trabalho. A plataformização é um processo que tem redefinido as dinâmicas das atividades laborais desde a indústria primária até o setor de serviços, abrangendo desde a produção de motores de avião pela empresa Rolls Royce, até o transporte de passageiros por motoristas por aplicativos. Essas transformações do mundo do trabalho não podem ser desprezadas, merecendo ser analisadas com atenção, especialmente no que se refere às atividades realizadas no setor terciário, onde se encontram a maioria dos trabalhadores plataformizados (motoristas e entregadores, por exemplo). O cooperativismo, como alternativa de organização dessa massa de trabalhadores, aparenta ser uma interessante iniciativa na busca pelo trabalho digno. Por essa razão, deve ser profundamente examinada, averiguando-se quais suas potências e seus limites. Portanto, o objetivo da pesquisa é analisar as potências e os limites do cooperativismo de plataformas como meio alternativo de organização do trabalho plataformizado. Como método de procedimento, será utilizado o levantamento bibliográfico, tomando por referência preferencial autores notadamente marxistas, assim como materiais produzidos por agências de pesquisa sobre o tema e também publicados por cooperativas de trabalho por plataformas digitais. Para a elaboração da reflexão proposta, correlacionando o arcabouço teórico levantado com a hipótese inicial, o método indutivo será utilizado como método de abordagem. Como método geral para condução do estudo, será utilizado o materialismo histórico-dialético. Tratando-se de uma pesquisa que já é realizada pelo autor há algum tempo, observa-se que algumas hipóteses e resultados parciais podem ser apontados. A organização coletiva dos trabalhadores por aplicativos que atuam no setor terciário em torno de cooperativas, tem mostrado a capacidade de prover melhores condições em alguns aspectos, especialmente no que se refere à ausência de submissão às condições impostas pelas grandes plataformas. Porém, há uma série de limitações advindas das próprias estruturas do modo de produção capitalista, que podem dificultar a emancipação dos trabalhadores. Entre as potencialidades dessas cooperativas, destacam-se ganhos coletivos como a organização política e conscientização dos trabalhadores em torno dos interesses de classe; ganhos de força para fazer reivindicações coletivas; pluralidade de ideias para a luta coletiva; dentre outros benefícios. Quanto aos limites, menciona-se a dificuldade em alinhar os interesses de classe ante as diferentes composições da classe trabalhadora; a dura concorrência com as grandes plataformas; e a possibilidade de as plataformas cooperadas reproduzirem as mazelas das grandes big techs. Diante dos pontos apresentados, vê-se que o trabalho por meio de plataformas digitais se faz cada vez mais presente no cotidiano, atingindo uma vastidão de ocupações. Por isso, pensar criticamente a expansão das plataformas digitais e seus reflexos no mundo do trabalho é algo necessário para que se possa alcançar condições mais dignas, especialmente em relação aos trabalhadores do setor terciário, os quais configuram a maior parte da massa do proletariado digital, sendo a parcela mais vulnerável à precarização de suas atividades.