educação em direitos humanos e a desnaturalização de violências no mercado de trabalho
Palavras-chave:
EDUCAÇÃO, DIREITOS HUMANOS, MERCADO DE TRABALHOResumo
O presente trabalho vem sendo realizado no Instituto Federal do Rio Grande do Sul - Campus Osório e aborda a relação entre a carência de políticas públicas voltadas para a educação em direitos humanos na escola e a realidade da pessoa transgênera no mercado de trabalho. Segundo Berenice Bento (2006), a transgeneridade foi historicamente patologizada por uma narrativa biologicista. Em 2018 a Organização Mundial da Saúde declarou que a transgeneridade seria mais tratada como doença. Apesar disso, o discurso contrário sustentado durante anos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais e a Classificação Internacional de Doenças continuam influenciando e colaborando para a sustentação do pensamento da transgeneridade como algo anormal. A coisificação do sujeito, exemplificada anteriormente, resulta na inviabilização do acesso a direitos básicos, como saúde, segurança, educação, trabalho, o que contraria o Art. 6º da Constituição Federal brasileira de 1988, que atribui como direitos sociais os mesmos. Assim, o presente trabalho propõe o direcionamento do olhar ao ambiente escolar, uma vez que o mesmo é reflexo de nosso modelo econômico e de comportamento. Analisando esse ciclo, é possível perceber que muitas das dificuldades enfrentadas pelas pessoas trans no mercado de trabalho são em parte consequência ou a manutenção de violências experienciadas nessa etapa, estando intimamente relacionadas à carência de educação de direitos humanos em seu desenvolvimento. Cenário esse, produzido em razão da série de violências e violações sofridas, gerando prejuízos relacionais e de ensino aprendizagem para a população transgênera. Provocando assim, uma trajetória de fracasso escolar e aumento da evasão, dificultando o acesso da população trans à qualificação profissional e, através da opressão, forçando essa comunidade à marginalização social, prejudicando seu desenvolvimento como sujeitos e o exercício de sua potência. Logo, a proposta deste trabalho centra-se na necessidade do entendimento sobre a constante inviabilização dos direitos da população trans e na desnaturalização das violências. Através da identificação de processos educativos que prejudicam ou viabilizam a melhoria no ambiente escolar, bem como as dificuldades locais enfrentadas pelas pessoas trans na hora de se inserir no mercado de trabalho, propomos a realização de uma investigação sobre essa temática urgente. A metodologia adotada baseia-se: 1) na leitura de artigos sobre as temáticas de gênero e direitos humanos. Referências como Guacira Lopes Louro, Judith Butler, Berenice Bento, Heleieth Saffioti são centrais nos estudos e discussões; 2) pesquisa de campo por meio de entrevistas com pessoas trans dentro e fora do campus Osório para dialogar sobre demandas e preocupações acerca do mercado de trabalho; 3) Construção de materiais educativos para a edificação de identidades não estruturadas pela violência e afirmação das identidades transgênero. Como resultados esperados podemos citar a substancialização e agrupamento de demandas e relatos da população trans no Rio Grande do Sul, o que contribui para a visibilidade da comunidade e auxilia no processo de luta por políticas públicas. Além disso, a constatação de que a educação tem um poder transformador e que significa a possibilidade da criação de relações mais humanizadoras, fundadas no respeito e valorização à diversidade.