MADRES Y ABUELAS DE PLAZA DE MAYO

MOVIMENTO DE MULHERES ARGENTINAS PELA EMERGÊNCIA DE DIREITOS HUMANOS

Autores

  • Daniela de Macedo Britto Ribeiro Trindade de Sousa Universidade de Brasília

Palavras-chave:

DIREITOS HUMANOS, MOVIMENTOS SOCIAIS, DIREITO À IDENTIDADE

Resumo

Durante os anos de 1976 a 1983 havia na Argentina um contexto de ditadura pautado pelo terrorismo de Estado que culminou com o desaparecimento forçado de milhares de jovens. Mulheres saíram de suas casas no ano de 1976 em busca de informações sobre seus filhos e filhas desaparecidos e iniciaram, em abril de 1977, um movimento denominado de Madres de Plaza de Mayo. Além dos filhos, essas mulheres começaram a procurar também por seus netos e netas, pois muitas filhas e noras apreendidas estavam gestantes. Em um movimento de luta e de resistência, clamavam por seus netos e netas que haviam nascido em prisões e cativeiros e que também estavam em locais desconhecidos. Aos poucos foram descobrindo que muitos deles tiveram suas identidades trocadas e foram entregues de maneira ilícita a outras famílias a partir de registros falsos de nascimento. As então mães e avós também se organizaram enquanto Abuelas de Plaza de Mayo. As Madres e Abuelas de Plaza de Mayo se organizavam em marchas semanais ao redor do Obelisco na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, exibiam fotografias de seus filhos e de suas filhas, faziam cartazes com frases e palavras de impacto para o contexto, usavam um pañuelo blanco na cabeça como símbolo de identificação nos eventos em que precisavam estar juntas e se reconhecer. Em um movimento constante e permanente nas vias públicas de Buenos Aires em busca de informações começaram a ser intimidadas e vítimas do sistema repressivo. Começaram, então, a procurar ajuda internacional para o mínimo de proteção em sua irresignação e resistência ao terrorismo de Estado. Segundo Ulises Gorini, “para las Madres ya no cabía la menor duda. Sólo la solidariedad internacional podía ayudár-las en su lucha e, incluso, permitirles algún resguardo frente al acoso de la dictadura [...]” (GORINI, 2017, p. 203). Diante da relevância temática, a pesquisa tem como objeto principal o movimento social de mulheres argentinas deflagrado na década de 70 e tem como objetivos compreender o início da mobilização, analisar as principais ações que ensejaram o fortalecimento e a continuidade do movimento ao longo do tempo, aprofundar o conhecimento sobre as práticas de resistência e de luta dessas mulheres, identificar as estratégias de divulgação e de ação das abuelas no contexto atual. A pesquisa será realizada a partir de uma perspectiva qualitativa com metodologia de análise documental a partir de histórias de vida, documentos, livros, artefatos, artigos, vídeos, sítios eletrônicos e documentários. Considerando os direitos humanos como “processos institucionais e sociais que possibilitam a abertura e a consolidação de espaços de luta pela dignidade humana” (FLORES, 2009, p. 13), a hipótese inicial da pesquisa é que o movimento das Madres e Abuelas de Plaza de Mayo contribuiu para a promoção e para a proteção dos direitos humanos na Argentina e no mundo, com a emergência de políticas públicas para o direito à memória e à identidade.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO On83 - MULHERES: RESISTÊNCIAS, LUTAS E MEMÓRIAS