O RACISMO NA INFÂNCIA E PERIFERIAS BRASILEIRAS EM CONTEXTO DE PANDEMIA DE COVID-19

Autores

  • Anne de Fátima Araújo Aguiar Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Palavras-chave:

RACISMO, INFÂNCIA, PANDEMIA, PERIFEFERIA

Resumo

Em contexto de pandemia de Covid-19, ao observar o caso do Brasil, temos o agravamento das expressões da questão social e seus impactos perversos nas condições de vida da população, especialmente nos sujeitos e famílias pretas, pobres e periféricas. O país acumula quase trinta e oito milhões de casos confirmados da doença e mais de setecentos mil mortes até maio de 2023, entre seus vinte e seis estados e Distrito Federal, a capital de São Paulo, a qual detém o mesmo nome do estado, apresenta-se como a maior cidade brasileira, possui a maior população e detém a centralidade econômica do país imersa em contradições sociais profundas. Tal município também concentrou os maiores números de casos e mortes por Covid-19. Importa salientar que as populações periféricas já vivenciavam, antes mesmo da pandemia, as severas consequências da desigualdade social, do limitado acesso aos seus direitos sociais, da concentração de renda, da escassez econômica, da dependência de serviços públicos nem sempre ofertados em quantidade e qualidade adequadas, de precárias condições de moradia e pouco acesso ao trabalho formal e protegido, com população predominante feminina, preta e parda, muitas delas chefes de família. Diante disso, produzimos análises e estudos bibliográficos e documentais direcionados a construir debate acerca da realidade social de famílias que residem na área de abrangência de unidade do Poder Judiciário Estadual, isto é, Foro Regional V – São Miguel Paulista, região periférica, situada no extremo leste do município de São Paulo/SP. Assim, torna- se relevante pensar sobre a altíssima mortalidade pela Covid-19 nos territórios em foco, e a consequente orfandade e desproteção social de crianças e adolescentes pretos, pobres e periféricos. Esse cenário caótico exige situarmos essa dinâmica enquanto graves expressões de Racismo na Infância e na Adolescência brasileira, e relacioná-lo com o processo de formação social do Brasil, pautado no projeto colonizador europeu, a partir da exploração econômica, violência, autoritarismo e escravização de pessoas negras e indígenas, o qual ainda repercute e se reatualiza nos dias atuais. 

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO P22 - INFÂNCIAS, DIREITOS HUMANOS E RACISMO: INTERFACE COM O SISTEMA JU