EFETIVIDADE DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS E OS DESAFIOS DA UTILIZAÇÃO DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL GENERATIVA NO PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO

Autores

  • Jamile Sabbad Carecho Cavalcante UNESA
  • Ricardo Alcântara Pereira

Palavras-chave:

Direitos Fundamentais, Poder Judiciário Brasileiro, Devido Processo Legal, Regulação, Inteligência Artificial Generativa

Resumo

A presente pesquisa tem como objetivo apresentar uma análise das impressões e reflexões acerca do uso de inteligência artificial generativa no Poder Judiciário brasileiro como forma de combate à morosidade da justiça e os desafios na efetividade dos direitos fundamentais, em especial quanto ao devido processo legal tecnológico, com a implementação da tecnologia no processo. A pesquisa se justifica porque hoje o Poder Judiciário é líder em uso e desenvolvimento de sistemas inteligentes para o setor público muito embora haja uma preocupação em como está sendo enfrentado os direitos fundamentais nessa automação. Segundo o levantamento do Conselho Nacional de Justiça houve um aumento expressivo de projetos de inteligência artificial no Poder Judiciário em 2022 comparado ao ano anterior. A pesquisa apresentada em junho de 2022 demonstra a existência de 111 projetos desenvolvidos ou em desenvolvimento nos tribunais, restando um aumento de 171% em relação ao ano anterior que contava apenas com 41 projetos. A maioria impacta um alto número de processos judiciais: 90% dos projetos beneficiam mais de mil processos. Além da disruptividade e da popularidade imediata de sistemas generativos em todo o mundo que logo a partir do lançamento do ChatGPT pela OpenAI em novembro de 2022, atingiu 100 milhões de usuários ativos mensais em dois meses do lançamento. Frente à popularidade e a sua iminente utilização no Judiciário estão os principais desafios regulatórios que precisam ser abordados para garantir que a utilização da inteligência artificial generativa no Poder Judiciário brasileiro esteja em conformidade com os princípios constitucionais e os direitos fundamentais dos cidadãos. Para isso, deve ser observado o debate acerca de uma legislação brasileira que abarque as peculiaridades da inteligência artificial geral e da generativa, e observado o momento atual do debate legislativo brasileiro sobre IA e os pioneiros na discussão legislativa da IA generativa no mundo, China e Estados Unidos, sendo esses os objetivos específicos. O método de pesquisa desenvolvido foi o dedutivo apoiado em revisão bibliográfica examinando artigos nacionais e internacionais acerca da temática de inteligência artificial generativa, o uso de inteligência artificial no Poder Judiciário e o ponto de encontro entre as duas que é o uso de IA generativa dentro do Judiciário, seja em sistemas inteligentes em desenvolvimento como é o caso do TJMG ou o uso por advogados para elaboração de petições como ocorreu no Tribunal Superior Eleitoral e o debate quanto a proibição ou não de utilização do ChatGPT pelos juízes de maneira assistiva aos processos decisórios que vem sendo travado por meio do CNJ, observando a resolução nº 332 e o PL 2338/23. Traz como hipótese a observância da resolução nº 332 quanto à ética, a transparência e a governança na produção e no uso de Inteligência Artificial no Poder Judiciário, pois aborda princípios importantes, como a não discriminação e a transparência, a fim de efetivar os direitos fundamentais nesse avanço escalonado do uso de inteligência artificial geral e generativa no Judiciário sem que haja uma lei geral de IA em vigor no país.

Biografia do Autor

Ricardo Alcântara Pereira

Possui graduação em Direito pela Universidade Federal Fluminense (1980). Atualmente é Pocurador de Justiça do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Mestrando em Direito Público pela Universidade Estácio de Sá do Rio de Janeiro.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO On81 - MÉTODOS DE SOLUÇÃO DE CONF. E OS DESAFIOS NA CONTEMPORANEIDADE