EU ESTOU GRÁVIDO E VOU PARIR

POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE, TECNOLOGIAS DE GÊNERO E GRAVIDEZ TRANSMASCULINA

Autores

  • Dan Kaio Souza Lemos UNB

Palavras-chave:

TRANSMASCULINIDADES; GRAVIDEZ; PARTO; ALEITAMENTO; POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE

Resumo

A invisibilidade é um dos maiores desafios e dificilmente conseguiremos prosperar como sociedade enquanto parte de nós, pessoas transmasculinas, estivermos invisibilizadas frente às diversas instituições e as políticas públicas. A invisibilidade gera conflito e desigualdade estrutural. Ela é proveniente de uma lógica que padroniza e homogeneíza corpos, práticas e experiências, bem como produtora de apagamento identitário. Nesse sentido, apresento o recorte dessa pesquisa: uma análise das políticas de gravidez, parto e aleitamento relacionada a população transmasculin, dialogando com outros recortes como o processo transexualizador/externalizadores, entendendo que esses processos se constroem anteriormente ou durante a gravidez, e que estes processos fazem parte da construção identitária e corporal das pessoas transmasculinas. Com esse recorte almejo problematizar questões do tipo: como viver uma gravidez e ao mesmo tempo fazer uso de hormônios? É possível um corpo cirurgiado amamentar? Como acessar os dispositivos de gestação tendo um corpo com leituras e signos ditos femininos e mesmo assim realizar os procedimentos devidos como homens/pais? Objetivos específicos: Problematizar as práticas e experiências de pessoas transmasculinas gravides/os que já engravidaram, bem como o processo de gravidez, parto e aleitamento. Produzir dados que nos permitam ver a afirmação ou não das diversidades. Traçar um mapa de avanços, direitos conquistados ou impedimentos. Analisar os marcos históricos das leis públicas e documentos que validam ou não determinados acessos em relação a gravidez, parto e aleitamento de pessoas transmasculinas. Como pretendo apresentar a sociabilidade e a relação com as pessoas transmasculinas em seus processos transitórios e de gravidez, parto e aleitamento entendo que, para este trabalho, faz-se necessário um método de análise antropológica etnográfica, que apresente características específicas, como uma metodologia e uma proposta teórico-conceitual, construindo a relação e a escrita. Do ponto de vista de saúde pública, ainda existe um despreparo, mas que tem avançado no sentido de se preparar. Esse despreparo parte da ideia de que não havia pessoas transmasculinas gestantes. Com isso trago a reflexão: se não tinha, por que agora tem? O que aconteceu? Apresento algumas hipóteses que nos fazem entender sobre o ganho de visibilidades e o ganho de direitos da população transmasculina. A primeira hipótese é a de que pessoas transmasculinas vivem e viveram diversas vulnerabilidades, e muitas vezes tornar a identidade de gênero invisível, mediante os processos de assujeitamentos. Ao passo em que mais homens trans podem aparecer, e assim, ganhar sociabilidade e exercer outras formas de sexualidades e corporalidades às experiências.  A segunda hipótese é a de que muitas pessoas transmasculinas não tiveram espaço para transicionar, não tiveram acesso às informações acerca de transições tecnológicas de gênero, suporte social, assistência médica de qualidade, recursos financeiros para o custeio da transição tecnológica para avançar nessas questões e quando engravidavam não eram entendidos como pessoas transmasculinas. Uma terceira hipótese está em pensar que algumas pessoas transmasculinas vivem/viveram processos de uma gravidez indesejável, pois isso acontece com qualquer pessoa que tenha possibilidades de engravidar.

Publicado

03.10.2023

Edição

Seção

SIMPÓSIO On93 - MATERNIDADES, MATERNAGENS, JUSTIÇA REPRODUT. E DIREITOS HUMANOS